BOLSA DE VALORES MUNDIAIS
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Empresários e analistas de mercado criticaram, durante debate no Exame Fórum, evento do Grupo Abril, que publica VEJA, a política protecionista e a ausência de planos de longo prazo do governo federal.
O empresário Rubens Ometto, presidente do Conselho da Cosan, destacou o protecionismo estimulado pelo governo brasileiro como principal entrave para a indústria nacional. "Isso deixa os empresários preguiçosos", disse Ometto, argumentando que, com a reserva de mercado oferecida pelo governo, o empresariado para de se atualizar, investir em tecnologia e vender produtos de maior valor agregado. "Não podemos voltar a ser a ilha que fomos anos atrás, porque assim não pegamos o que os outros estão fazendo de bom”, disse.
Ometto é entusiasta da escola econômica que defende a criação de grandes conglomerados apenas em setores pontuais, onde o Brasil tenha tradição e eficiência, como agronegócio, mineração e energia - e não compartilha a ideia governista de que o Brasil deve desenvolver todos os setores da indústria, para evitar a chegada de importados.
José Roberto Mendonça de Barros, sócio e consultor da MB Associados, lembrou episódios específicos em que o Brasil poderia ter abocanhado mercado, mas não o fez, como na briga com a Europa pela exportação de carne de frigoríficos nacionais. Segundo ele, apenas 300 fazendas de gado brasileiras podem exportar para a região. O economista também aponta a falta de incentivo à produção de energia por meio do bagaço de cana, que vem sendo preterida pelo governo. “A produção está inviabilizada. O pacote de energia que a presidente (Dilma Rousseff) anunciou há dois dias acabou de matar este segmento”, falou.
Reformas estruturais necessárias, como a tributária e trabalhista continuam sendo postergadas pelo governo em detrimento de "pacotes" de curto prazo, na avaliação do ex-embaixador Rubens Barbosa, que é o atual presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp. Segundo ele, o Brasil precisa dirigir seus esforços para estreitar relações comerciais com outros países “O Brasil está sem estratégia de negociação comercial”, disse. Ele lembra que, em doze anos, o Mercosul só conseguiu negociar três acordos comerciais: um com Israel, outro com Egito e o terceiro com a Autoridade Palestina - num intervalo em que a balança comercial brasileira cresceu quatro vezes. “Teremos de repensar o Mercosul e nosso comércio exterior e a competitividade”, aponta. Ele acrescenta que nos últimos cinco anos a América Latina perdeu 5 bilhões de dólares com a falta de competitividade.
Mendonça de Barros afirmou ainda que os empresários devem levar em conta a latente capacidade de recuperação da economia dos Estados Unidos - e direcionar seus esforços para participar dessa retomada. “A China começa a perder suas fábricas de manufaturas leves para os países vizinhos, como Cingapura e Bangladesh. Dentro de alguns anos, outros países mais eficientes serão mais competitivos na economia global do que a China”, afirma.
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